sexta-feira, 9 de outubro de 2009

quando era pequena os meus pais ainda faziam viagens de dias e dias pelo interior de portugal, comigo enroscada no banco de trás a suar com o calor do alentejo.
numa dessas viagens intermináveis a minha mãe comprou uma cassete de fado, e viemos a ouvir a amália incessantemente - foi assim que uma menina de cinco anos aprendeu a trautear fados inteiros.
cresci a gostar de amália com um afecto muito grande e primário, e do mesmo modo que dificilmente compreendemos línguas diferentes, nunca percebi bem como é possível não querer essa coisa estranha e visceral que é a saudade.

no outro dia um professor de psicologia social disse-me, a propósito de um projecto de investigação, 'estamos a tentar encontrar a definição científica de saudade', e eu pensei, perplexa: este senhor nunca ouviu amália.

e não há nada mais cientificamente português do que o NOVO FADO DA SEVERA (aqui cantada por dulce pontes), a música que nunca me saiu do ouvido, (com ou sem dez anos de morte de amália).

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