quarta-feira, 3 de março de 2010









(fotografia de Granada, Espanha)


3


Escolho uma cidade à minha medida.
Guia-nos o sul com remoinhos de pó sobre a estepe;
Renques daninhos, pragas de gafanhotos,
As cintilações faiscantes das ferraduras polidas,
Tudo profetizava - visões
De monge - que eu iria perecer.
Peguei no destino, atei-o à sela;
E agora que estou no futuro, permaneço
Hirto nos estribos com uma criança

Só quero a imortalidade
Para que o sangue flua pelas eras.

De boa vontade daria a vida
Por um lugar seguro e quente,
Não me guiasse a agulha aérea viva
Pelo mundo como a uma linha

Arseny Tarkovsky

"este poema fez-me acreditar na imortalidade", disseste.

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