segunda-feira, 9 de novembro de 2009


“Na civilização mecânica,
não há mais lugar para o tempo mítico,
senão no próprio homem.”

Lévi-Strauss, Antropologie Structurale

um dia destes perdi-me horas na biblioteca a ler 'O mito individual do neurótico' de Lacan, mais para me perder em Lévi-Strauss, (a obra parte da seguinte premissa do antropólogo: a interpretação freudiana do mito grego (Édipo) é ela própria uma versão desse mito), do que na psicanálise.
achei absolutamente apaixonante o modo como este senhor se debruçava sob os ritos mais ancestrais e longínquos da civilização moderna para explicar aquele que será provavelmente, um dos últimos mitos da nossa 'sociedade quente' - a psicanálise e, em última instância, a psicologia.
cheguei a casa e enquanto contava à minha mãe a minha descoberta mais feliz dos últimos tempos, aparece no telejornal a imagem de Lévi-Strauss : "(...) morreu de ataque cardíaco em Paris na noite de sexta para sábado, (...) o antropólogo social mais influente da segunda metade do século XX(...)".
é caso para dizer que Lévi-Strauss nasceu para mim no dia em que morreu.

1 comentário:

  1. ahh os imortais... esse miúdo ainda tem muito para dizer a muita gente. e não, a psicanálise não é um mito per se, mas sim uma luta pela racionalidade em uma era mitológica. queria completar aqui com uma frase do outro miúdo, o Saramago, sobre os "mitos" invertidos que o homem criou, invertendo-se a si mesmo, mas na me lembra... aqui voltarei, se a memória não se incompletar...

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