sábado, 26 de setembro de 2009

Nunca gostei de andar de combóio.
Há um certo compromisso em ter de esperar - no nosso caso, perto de uma hora - se nos enganássemos na direcção, ou falhássemos o relógio por um segundo, ou nos distraíssemos a conversar antes de sair de casa, ou antes de para lá voltar.
Há um certo compromisso em ter de saber de antemão o horário de partida e de chegada, há um certo compromisso na aprendizagem da espera.
Depois esquecemo-nos que esse compromisso serviu para que andássemos sempre com um livro no bolso, caso tivéssemos de esperar, para que aprendêssemos a não estragar o dia por menos uma hora útil.
Não nos lembramos, nem por um segundo, que a ida e a volta funcionavam tão bem como os espaços vazios menos vazios do dia - as trepadeiras, a ponte, a muralha, por fim as melhores memórias do dia e meia dúzia de palavras doces no bolso.
Não vou andar de combóio tão cedo.
E acho que vou ter saudades.

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