não o conheço, nunca falei com ele. só lhe vi imagens.
sempre que vejo imagens dos trabalhos dele sinto-me engolida subitamente por uma vontade gigante de um dia ter uma casa mais ou menos no meio do nada, ou mais ou menos no centro do mundo, em que as paredes serão altas e muito brancas e tão velhas que terão estuques victorianos e românticos a contrastar com os móveis de madeira escura, simples e gastos mas com aquele cheiro que só as casas antigas e quentes guardam.
nesta casa as paredes iam estar cheias: de fotografias, posters, quadros. se algum dia tivesse dinheiro para uma aguarela do josé rodrigues ou um quadro da armanda passos ou, em última análise (e só se fosse mesmo rica ou mesmo sortuda), uma gravura da paula rego, já não era mau. mas o que gostava mesmo era de ter as paredes repletas das imagens que preenchem as pessoas que eu amo.
neste sonho cabe também uma imagem do 'eudaquiamuitosanos', (mas que se calhar não são assim tantos, porque já tenho vinte e é estranho e custa dizê-lo), que tira fotografias, aprendeu a revelá-las num cubículo pequeno e escuro dessa casa de janelas altas, que reaprendeu a pintar, voltou a descobrir o prazer das colagens e do desenho dos corpos e das rugas, mas que sobretudo: vive a ilustrar livros.
há um 'eudaquiamuitosanos' dentro de mim, sempre dentro de mim, que vive no sonho de abrir mundos dentro de livros.
o 'eudeagora', num curso de palavras e pessoas e raras imagens nas narrativas, não sabe se é possível casar-se com o 'eudaquiamuitosanos', mas gostava.
gostava muito.
gostava muito.
entretanto, enche-me a raiva de amor:
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