sexta-feira, 2 de julho de 2010
hoje ia no metro e vi uma rapariga vestida de preto, encolhida sobre si mesma com uma camisola justa de alças e os cabelos escuros também, alguma tristeza.
não me lembro do preciso momento em que percebi que aquela barriga grande trazia alguém lá dentro. sei que de repente entendo movimentos por dentro do tecido negro, qualquer coisa com extremidades mais redondas e outras pontiagudas, um bicho cheio de vida a mexer-se lá dentro como numa cama circular, rodando sobre si mesmo como num carrossel visto de cima.
já assisti a mulheres de barriga, mas esta foi a primeira vez que vi, em vez de sentir, algo a mexer-se. e percebi as extremidades, o movimento, as superfícies de diferentes proporções e velocidade com que podemos ir de um lado ao outro da barriga da nossa mãe.
o berço mais primitivo.
vida.
no metro, de manhã, numa manhã como as outras.
vida, e dar vida, e ser vida é mesmo qualquer coisa que chama "o tempo mais mítico".
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